A doença de refluxo gastro-esofágico pode se apresentar de forma variada e é fonte de incômodo para cerca de 5% da população brasileira. As opções de tratamento vão de remédios até a cirurgia, mas neste artigo discutiremos cinco medidas anti-refluxo que não envolvem qualquer medicamento!
Sobre a doença de refluxo gastro-esofágico.
Para entender o que essas medidas anti-refluxo pretendem evitar e como elas funcionam, é válida uma breve revisão sobre essa doença.
O refluxo gastro-esofágico consiste na passagem de conteúdo do estômago para o esôfago, órgão que comunica a boca ao estômago. Uma pequena quantidade de refluxo acontece em pessoas sem doença. Os mecanismos de defesa do esôfago conseguem manter o órgão a salvo até certo ponto.
Contudo, se a quantidade de refluxo for maior que a capacidade de proteção do esôfago, começam a aparecer sintomas e até mesmo lesões desse órgão, que podem comprometer até a garganta e a boca. Nesses casos, medidas anti-refluxo se tornam muito importantes!
Uma das medidas de proteção do esôfago, é a existência de um grupo de ligamentos, características anatômicas e músculos que envolvem a sua transição para o estômago, sendo conhecidos como o esfíncter esofágico inferior, que age com válvula bloqueando o refluxo.
Esse esfíncter é sensível a alterações de pressão dentro e fora do estômago e com frequência não funciona adequadamente nos pacientes vítimas de refluxo gastro-esofágico.
Conhecendo o que causa os sintomas dessa condição e essa importante estrutura que defende o esôfago, podemos utilizar esses mecanismos como medidas naturais anti-refluxo!
Evite ingerir líquidos junto das refeições!
O hábito de acompanhar as refeições com bebidas é muito comum entre os brasileiros. Aproveitar sucos, refrigerantes e até bebidas alcoólicas junto das refeições faz parte da rotina de muitas pessoas.
Porém, alimentos sólidos misturados com líquidos se tornam mais fluídos e “leves”, facilitando sua passagem através do esfíncter esofágico inferior.
Além disso, a ingestão de líquidos aumenta consideravelmente o volume do conteúdo dentro do estômago e isso aumenta a pressão dentro do órgão. O efeito é ainda mais intenso quando o líquido ingerido é uma bebida gaseificada.
Pensando em tudo isso, evitar líquidos junto das refeições é uma medida anti-refluxo muito útil no controle da doença.
Como regra geral, evite ingerir líquidos 30 minutos antes e duas horas após as refeições!
Evite refeições volumosas!
Seguindo o raciocínio sobre os efeitos da chegada dos alimentos na câmara gástrica, compreendemos que o volume da refeição está diretamente ligado com a pressão dentro do estômago ao fim dela.
Refeições fartas, com diferentes pratos e sabores são muito prazeirosas. Especialmente em ocasiões especiais e celebrações, quando nos permitimos abusar dos alimentos, companheiros frequentes dos momentos felizes.
Entretanto, o aumento da pressão dentro do estômago dificulta o trabalho da válvula natural anti-refluxo: o esfíncter esofágico inferior. Como essa estrutura está frequentemente comprometida nos pacientes com refluxo, forçar sua capacidade não favorece o controle da doença.
Por isso, evite refeições volumosas e prefira fracionar a dieta em pequenas refeições ao longo do dia! Por exemplo, não deixe de tomar o café-da-manhã, diminua a quantidade de alimentos no almoço e adicione um pequeno lanche no meio da tarde e não exagere no jantar!
Evite esses alimentos!
Alguns alimentos têm efeito direto na função do esfíncter esofágico inferior, relaxando essa zona de alta pressão e favorecendo o refluxo.
Infelizmente nessa sessão virão más notícias, pois os alimentos associados ao relaxamento do esfíncter esofágico inferior são favoritos da gastronomia brasileira:
- Café
- Chocolate
- Tomate (e derivados)
Outros alimentos que também devem ser evitados são as bebidas alcoólicas e sucos cítricos, por apresentar efeitos semelhantes.
Por mais que a retirada de certos alimentos possa ser penosa, essa medida anti-refluxo pode impactar muito o controle da doença, principalmente em pacientes que já perceberam que o consumo desses alimentos traz os sintomas à tona.
De forma geral também se recomenda evitar outros alimentos que causem os sintomas, mas que não tenham conhecido efeito sobre o esfíncter esofágico inferior.
Não se deite logo depois das refeições!
Uma aliada menos lembrada no conjunto de agentes anti-refluxo nos acompanha em todos os momentos da vida: a gravidade!
A gravidade, obviamente, é um desafio constante a qualquer movimento para cima. Com o conteúdo gástrico não seria diferente. Portanto, deve-se utilizar esse aliado para manter o conteúdo gástrico no seu devido lugar: dentro do estômago.
O ato de deitar-se elimina a ação da gravidade contra o refluxo. Assim, a recomendação é de evitar deitar-se por duas a três horas após as refeições. Esse tempo é necessário para o esvaziamento do estômago, após o qual o refluxo é menos frequente.
Isso é especialmente válido para separar o horário da última refeição do dia da hora de dormir, mas para quem consegue encaixar um cochilo após o almoço, a recomendação é a mesma!
Experimente elevar a cabeceira da cama!
Continuando a aproveitar a gravidade nas medidas anti-refluxo, essa é outra recomendação. Os sintomas noturnos de refluxo podem ser especialmente intensos e, por vezes, são a principal queixa dos pacientes.
A simples elevação da cabeceira da cama, ou mesmo o uso de um segundo travesseiro, trarão a gravidade de volta à luta contra o refluxo. A elevação deve ser de cerca de 20 cm para o maior impacto.
Outra medida anti-refluxo digna de menção, mas menos específica é o emagrecimento, nos casos em que o refluxo é acompanhado por sobrepeso ou obesidade. O mecanismo em questão é o aumento da pressão dentro do abdômen por causa da gordura abdominal, que também força o conteúdo gástrico de volta ao esôfago.
Essas foram as recomendações de medidas anti-refluxo sem utilização de medicamentos. Esse conjunto de atitudes é conhecido como “mudanças de hábitos de vida”, uma modalidade de tratamento que deve acompanhar as terapias de várias doenças crônicas.
Gostaria de discutir essas e outras opções de tratamento dessa condição? Será um prazer recebê-lo para uma consulta!
Fontes:
httpss://cbcd.org.br/biblioteca-para-o-publico/refluxo-gastroesofagico/
httpss://emedicine.medscape.com/article/176595-treatment#d10
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